"Linguagem é como a pele: eu esfrego minha linguagem na do outro. É como se eu tivesse palavras em vez de dedos, ou dedos nas pontas das minhas palavras. Minha linguagem treme de desejo. A emoção deriva de um contato duplo: por um lado, toda uma atividade discursiva que foca, discreta e indiretamente, em um significado único, que é "eu te desejo", e o liberta, nutre, ramifica até o ponto de explosão (a linguagem experimenta o orgasmo ao tocar-se); por outro lado, eu envolvo o outro em minhas palavras, acarinho, roço, promovo esse contato, eu me arrasto para fazer o comentário ao qual eu submeto a relação."
Barthes, Roland. Fragmentos de um discurso amoroso. São Paulo: Ed. Francisco Alves, 1989, p. 64.
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Roland Barthes (1915-1980) |