Eis o fim da paisagem. Entre blocos
de concreto e ferragens
há uma figueira carregada
mas nem as crianças se aproximam para colher.
Eis o fim da paisagem.
Dentro da carcaça de um colchão apodrecendo no campo
permanecem as molas, como almas.
A casa onde vivi fica cada vez mais longe
mas uma luz ainda arde na janela
para que possam apenas ver e não ouvir.
Eis o fim.
E como tornar a amar? é como o problema
dos arquitetos numa cidade velha: como construir
onde houve casas, para que pareça
com dias de outrora, mas também com o agora.
(Yehuda Amichai, trad. Rafael Leal)
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"Sem Título", Mark Rothko (1903-70).. Acervo MoMA, NY |